quinta-feira, 20 de março de 2025

Trem da Desilusão

 

 

Já partiu o trem da desilusão;

E nele está meu coração;

Pelos trilhos da vida;

Paralelas que não se encontrarão;

Um pensamento que fica;

Perdido, sem direção.

 

A insônia machuca a memória;

Que lembra da mesma história;

De outros tempos de glória;

Que nos brindavam com vitória.

 

O amargo desce pela garganta;

O choro não mais espanta;

Uma vida que desencanta;


No trem da desilusão a velocidade reduz;

Somente pelas frestas se vê luz;

E o passar do tempo aduz;

Que nem todo ouro reluz;


Solidão...Só lhe dão...Solidão;

Cantou uma vez o João

E no trem sigo sozinho com minha confusão;

Esperando a última parada na imensidão;

Nos confins da redenção...


Até lá tem muito tempo, pra pensar e refletir;

Até o trem ir pras estrelas;

É preciso seguir;

Um dia de cada vez, sem parar, nem desistir.



Na Fumaça do Café

 

Na fumaça do meu café minha mente viaja na lembrança;

De que um dia eu fui simplesmente criança;

Do gole amargo vem o doce sabor de esperança;

Que me fez acreditar que quem deseja alcança.

 

Me lembrei de ter tido na infância uma febre delirante;

Que me trouxe um pavor, que agora é constante;

De sentir desamparo e impotência paralisante;

Diante da crueldade, do desamor…. impressionante.

 

Travestido de ordem, sagrado e piedade;

Que julga o próximo por sua diversidade;

E acredita que é sua toda a verdade.

 

Essa gente se despe de sua humanidade;

E acredita construir felicidade;

Mas planta tudo o que não é cristandade.

 

Como se pode mudar essa realidade?

Mostrando que o verdadeiro amor é a maior irmandade;

Que somos diversos e isso é a verdade;

E que as nossas diferenças nos fazem universalidade;

Pois só mãos diferentes são capazes de construir fraternidade.